01/10/2025 às 11h49 - Atualizado em 01/10/2025 às 12h12

Projeto de Extensão da UnDF apoia agroecologia no Assentamento Canaã

Texto: Rosinaldo Barbosa | Edição: Agecom

Em visita técnica, o projeto "Cartografias Vividas" ouviu as demandas da comunidade para fortalecer, por meio de mapas, a luta por direitos básicos como água e saneamento.

 

Foto 1: Acervo de Rosinaldo Barbosa

No dia 23 de setembro, a equipe do projeto de extensão Cartografias Vividas: Gestão Ambiental e Territorial no/do Campo, da Universidade do Distrito Federal Professor Jorge Amaury Maia Nunes (UnDF), realizou a primeira visita técnica ao Assentamento Canaã, em Brazlândia (DF). O encontro marcou o início de uma parceria que busca articular conhecimento acadêmico e saberes populares para fortalecer as reivindicações de aproximadamente 65 famílias de agricultores, que transformaram o local em um modelo de resistência e produção sustentável.

O objetivo do projeto de extensão é criar, junto com a comunidade, uma representação cartográfica das carências, ameaças e potencialidades do território. A ideia é que esses mapas se tornem ferramentas para apoiar os processos participativos e de autogestão, contribuindo para o sucesso da reforma agrária e a permanência das famílias no campo.

"A visita inicial foi fundamental para estabelecermos um vínculo com os agricultores e, principalmente, para ouvir suas demandas e adaptar o projeto às necessidades sociais mais urgentes", explicou um dos membros da equipe.

Foto 2. Encontro de aproximação com os assentados.

 

De Monocultura a Modelo de Agroecologia

A história do Assentamento Canaã é marcada pela luta pela terra. Ocupada desde 2011 por trabalhadores rurais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a área, que antes era dedicada à monocultura de eucalipto, foi convertida em um polo de agroecologia e sustentabilidade. Hoje, o local se destaca pela produção de hortaliças orgânicas e pela criação de pequenos animais de forma sustentável. Além da importância produtiva, a comunidade desempenha um papel vital na preservação ambiental da bacia do Rio Descoberto e da biodiversidade local.

A conquista do território veio com a PORTARIA Nº 766, de 14 de novembro de 2024, que declarou a área como de Interesse Social para fins de reforma agrária. Após a homologação das famílias selecionadas, foi emitido o Contrato de Concessão de Uso (CCU), um documento crucial que garante o acesso a crédito, assistência técnica e outras políticas públicas federais. Com isso, a comunidade não apenas garantiu um passo importante ao direito à terra, mas também passou a atuar como uma barreira contra a especulação imobiliária, um problema crônico no Distrito Federal.

Desafios Estruturais e a Parceria com a UnDF

Apesar da conquista da terra, os agricultores ainda enfrentam desafios significativos para garantir a segurança hídrica, sanitária e produtiva. Durante a visita, os extensionistas da UnDF puderam observar de perto a carência de infraestrutura básica, como saneamento e acesso à água potável.

Um dos maiores obstáculos é a dificuldade em obter a outorga para o uso de água para irrigação, já que o assentamento está localizado na bacia do Rio Descoberto, uma área de grande importância para o abastecimento do DF. Diante desse cenário, o projeto "Cartografias Vividas" se propõe a mapear essas demandas para fortalecer as reivindicações da comunidade junto aos órgãos públicos.  Ao traduzir as lutas e necessidades locais em produtos técnicos e cartográficos, com envolvimento popular dos assentados, a UnDF reafirma seu compromisso com a extensão universitária como instrumento de transformação social.